A verdade de si e as narrativas confessionais: do Eu clássico ao Eu midiático
DOI:
https://doi.org/10.13037/ci.vol14n26.1662Palavras-chave:
subjetividade, confissão, performanceResumo
A produção de subjetividade parece sofrer uma descontinuidade no mundo contemporâneo. O eu que se acreditava estar voltado ao interior de si mesmo, mantenedor de uma suposta essência, desloca-se em direção à superfície do corpo, conformando-se agora não mais na própria subjetividade, mas na publicização de si nas telas midiáticas. Nesse contexto, vemos surgir uma extensa produção de narrativas e imagens de si nas mídias- em especial nas redes sociais da Internet - que revelam os mais variados aspectos da vida privada, fazendo do íntimo e do privado materiais de extremo valor. Essas práticas confessionais que se espalham pelo cenário midiático, no entanto, não são um fenômeno novo, mas um dispositivo que vem percorrendo toda a história ocidental, desde a Antiguidade até os dias de hoje. O dispositivo da confissão, mostra-nos Foucault (1944), está profundamente arraigado no desenvolvimento das técnicas da hermenêutica de si, em outras palavras, à própria busca de uma verdade de si.
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